O Design na minha vida em 2021 | parte I

Andrea Braga
4 min readDec 28, 2021

Sim, eu tô totalmente em clima de retrospectiva! 😌

Sem querer soar muito clichê (mas já soando), 2021 foi um ano de muitos desafios e, consequentemente, muitos aprendizados. Tive oportunidade de atuar de forma bem ampla na minha área. De Product designer em projetos nacionais, fui UX Writer de times de produto, fiz freela de Design Gráfico em uma ONG sobre Estudos de Futuro x Educação, depois voltei para Product designer em um projeto internacional... Cada mudança um friozinho na barriga e a vontade de aprender mais e mais!

Lembro que no comecinho desse ano, eu estava em São Luís/MA, minha cidade natal, quando participei de três processos seletivos em diferentes empresas e para diferentes escopos — UX researcher, product designer e UX writer. Lembro também de estar muito indecisa sobre que caminho seguir dentro desse universo gigante da experiência do usuário; e, por motivos óbvios, ter sido aprovada nos três processos seletivos não me ajudou muito na decisão. Mas segui meu coração e a escolha se deu de acordo com os profissionais com quem eu gostaria de aprender e de estar junto — pessoas incríveis, diga-se de passagem — e assim decidi que iria atuar como UX Writer.

A princípio, essa escolha pode parecer um pouco inusitada, mas minha afinidade com a linguística e o passado na graduação em Letras me impulsionaram nesse caminho. Eu realmente acreditava que por gostar de escrever e ter tido prática com isso no passado, estava bem capacitada para a vaga. Mas eu estavas prestes a descobrir que UX Writing pouco tem a ver com "gostar de escrever". Esses e outros aprendizados que quero deixar por aqui. São eles:

Photo by Startaê Team on Unsplash
  1. As pessoas ainda não entendem bem o papel da UX Writer (UXW). Por isso, é necessária uma mudança de cultura, da mesma forma que aconteceu com o Design (lembra quando as plataformas digitais eram feitas exclusivamente por desenvolvedoras?). Esclarecer qual é o papel do UXW, como funciona seu processo e porque essa figura é tão necessária quanto product designers; enfim, evangelizar mesmo. Sem esse entendimento, a maioria das demandas vão girar em torno de criação e revisão de microcopy e o impacto disso no produto pode ser catastrófico. Acredito que assim como eu, muitas pessoas buscam migrar para essa área porque já escrevem em blogs, ou são redatores publicitários, beletristas e áreas afins. Mas o fato é que o UX Writing é objetivo e serve para orientar o usuário e facilitar a tomada de decisão. Não tem muito espaço para redação criativa.
  2. UXW precisa fazer pesquisa. Se não souber, é interessante ter alguém que saiba, pois entender como a pessoa usuária se comunica é essencial. Não adianta usar termos ou expressões no seu produto que não são familiares para ela e isso é o que torna a pesquisa tão importante! Além disso, a língua é viva e pode mudar de região para região dentro do mesmo país, por exemplo, por isso o trabalho de pesquisa precisa ser constante. Reuniões semanais que aproximam UX researchers e UXW são uma boa opção para manter esse alinhamento. Lembrem-se: UXW é saber ouvir e gostar de ouvir.
  3. E por falar em aproximação, a meu ver, o trabalho da UXW deve ser feito quase que em dupla com a Product designer. A UXW deve participar de todas as etapas do processo, assim como os PDs, e não apenas do fim. Caso contrário, ela se torna uma mera revisora (ou criadora) de microcopy. Não estar a par de todas as etapas, limita muito sua atuação, afinal, a UX Writer não pode pensar na experiência e ser propositiva se não tiver um conhecimento aprofundado daquele contexto; conhecimento que se dá, nesse caso, participando de Discovery, reuniões e cerimônias do squad.
  4. UX Writing tem mais a ver com entender do negócio do que simplesmente escrever bem (e a pessoa UXW só entende bem do negócio participando de todo o processo. Viu como tudo se conecta?). Gostar de escrever e ser em se comunicar ajuda, mas definitivamente não é essencial. Além disso, acredito que foi minha bagagem anterior como Product designer que me colocou alguns passos à frente de pessoas que estão iniciando na área, afinal, essa experiência me deu uma visão sistêmica e de processos, a habilidade com pesquisa e ferramentas de prototipação, além do pensamento de design propriamente dito, que me permitia ser mais criativa e propor soluções com mais facilidade.
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Essa minha atuação durou cerca de 90 dias, porque logo entendi que eu queria mesmo era atuar como designer de interação (senti muita falta de, literalmente, desenhar telas), mas é indiscutível que a experiência como UX Writer me deu um novo olhar para produtos digitais e a forma como nos comunicamos, especialmente no que diz respeito a acessibilidade, e isso com certeza impacta a forma como atuo hoje.

Será que consigo publicar a parte 2 antes de o ano acabar? 😅

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Andrea Braga

I'm a designer focused on creating digital experiences and building ethical futures— currently working at Thoughtworks.